Algo que tem me feito pensar bastante ultimamente é a questão do tempo para todas as coisas. O que significa essa frase, afinal?
O capítulo 3 de Eclesiastes, versículo primeiro, diz que para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu; e isso me fala muito não só sobre a certeza da vinda de dias melhores ou que os dias ruins passarão (como geralmente é falado em relação a essa passagem), mas a forma como o tempo no geral é irreversivelmente passageiro, ou como diria o pregador, vaidade.
Estou numa fase da vida que, em algumas partes, eu quero estar e aproveitar, mas em outras quero apertar o botão avançar e fazer com que passe rapidamente para uma outra fase que – pelo menos na minha mente – será melhor que essa. Mas toda vez que minha mente me faz ter vislumbres deste tempo futuro e me pego suspirando para que o tempo passe rápido, esse versículo me vem a mente para me dizer quão breve eu sou.
Se existe tempo de nascer e tempo de morrer, quem precisa apressar esse processo? É fato de que acontecerá, mesmo sem nossa intervenção. Se há tempo de chorar e tempo de rir, é consequente que se um passou, o outro também passará, pois assim como as coisas chegam, elas também vão embora.
Então qual o proveito de querer que uma determinada estação chegue mais rápido, se tudo já está indo numa velocidade enorme que não podemos evitar? E quanto mais rápido chega, é fato que mais rápido passará.
Acredito que o Senhor do tempo não o criou como um planner, Ele não precisava criar o tempo para estabelecer limites, nem para se organizar, nada disso. Pelo contrário, acho que Ele nos deu o tempo como um instrumento que nos ensina sobre nossa própria brevidade.
Dizer que há tempo para cada propósito não quer dizer “engula essa tribulação aí sem reclamar porque é tempo de sofrer e já-já vem o tempo de sorrir, aguenta firme.” Quer dizer, na verdade, “não seja tão apressado em correr pelas estações da sua vida, pois o tempo já corre sozinho.”
Conseguimos ver facilmente vantagens em tempos futuros, pois somos ansiosos e apressados, mas vamos focar por um instante no tempo do hoje, ele também tem um propósito. E se você escolher correr essa estação inteira e não conseguir entender qual propósito ela teve, será que vai alcançar o “nível seguinte” tão capacitado quanto estaria se tivesse escolhido olhar para estação presente sem apressá-la?
Nossos dias na terra como conhecemos são contados e acredito que temos muitas coisas boas para viver aqui, coisas que Deus quer nos proporcionar, mas a gente só sabe passar a vida correndo pelo caminho sem olhar as flores.
Tenho tentado, então, me preparar para as estações futuras que tanto anseio, olhando para as estações atuais. Ainda há o que aprender, ainda há experiências a ganhar, ainda há graça no tempo do hoje quando achamos que nada está como a gente gostaria.
Mas, por nosso Senhor ser soberano, podemos ter certeza de que está exatamente como deveria estar.
Então quando chegar o momento do tempo que temos esperado, saberemos que não corremos pelo processo, mas fomos levados a caminhar cada passo por um Deus absoluto sobre cada estação, que nos deu exatamente o que precisávamos em cada tempo da nossa vida.
Digo a mim mesma no fim desse raciocínio: você está exatamente onde deveria estar. E por ser passageiro é que preciso me permitir estar aqui, neste exato instante, para o que quer que meu Deus queira para o tempo do hoje.
Música do dia: Mistério – Os Arrais
Texto por Cecília do Nascimento
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